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Resenha: O Temor do Sábio: A Crônica do Matador de Rei – Segundo Dia – Patrick Rothfuss

o-temor-do-sabio-estante-dos-sonhosEditora: Arqueiro
Autor: Patrick Rothfuss
ISBN: 9788580410327
Edição: 1
Número de páginas: 960
Acabamento: Brochura
Classificação EDS:  100 de 100 pontos

“Lembre-se de que há três coisas que todo sábio teme: o mar na tormenta, uma noite sem luar e a ira de um homem gentil.”
O Temor do Sábio dá continuidade à impressionante história de Kvothe, o Arcano, o Sem-Sangue, o Matador do Rei. Quando é aconselhado a abandonar seus estudos na Universidade por um período, por causa de sua rivalidade com um membro da nobreza local, Kvothe é obrigado a tentar a vida em outras paragens.
Em busca de um patrocinador para sua música, viaja mais de mil quilômetros até Vintas. Lá, é rapidamente envolvido na política da corte. Enquanto tenta cair nas graças de um nobre poderoso, Kvothe usa sua habilidade de arcanista para impedir que ele seja envenenado e lidera um grupo de mercenários pela floresta, a fim de combater um bando de ladrões perigosos.
Ao longo do caminho, tem um encontro fantástico com Feluriana, uma criatura encantada à qual nenhum homem jamais pôde resistir ou sobreviver – até agora. Kvothe também conhece um guerreiro ademirano que o leva a sua terra, um lugar de costumes muito diferentes, onde vai aprender a lutar como poucos.
Enquanto persiste em sua busca de respostas sobre o Chandriano, o grupo de criaturas demoníacas responsável pela morte de seus pais, Kvothe percebe como a vida pode ser difícil quando um homem se torna uma lenda de seu próprio tempo.

Minhas impressões

Estava ansioso pelas minhas férias pra poder ler esse livro. Como vocês viram nesse mês de março quase não postei =[. Estava de férias e lendo bastante =]. Vou tentar resumir e não dar spoiler ao máximo, mas com um livro desse tamanho é impossível. Vamos parar de enrolação e vamos falar sobre Kvothe!

Após terminar o primeiro dia de narração e passada a confusão na hospedaria Bast, o aluno de Kvothe exige que o escriba cumpra uma ordem expressa que ele lhe dá. Fazer Kote se lembrar quem ele é realmente. Que seu Reshi é Kvothe, não um hospedeiro. Começa o segundo dia de narração e começamos a conhecer mais o dia-a-dia do nosso personagem principal.

Pouco a pouco vamos percebendo a genialidade de Kvothe. Não os mitos que as histórias populares do livro contam, mas a inteligência de um menino obstinado a alcançar seus objetivos. São tantas as experiências que vemos Kvothe passando que esquecemos que ele ainda é um adolescente de 16 anos e bem confuso quanto aos seus sentimentos e o que tem prioridade. Lembram da Denna? Quem não lembra? Kvothe ainda não sabe ao certo o que sente por ela, nem porque sente isso.

Amamos aquilo que amamos. A razão não entra nisso. Sob muitos aspectos, o amor insensato é o mais verdadeiro. Qualquer um pode amar uma coisa por causa de. É tão fácil quanto pôr um vintém no bolso. Mas amar algo apesar de, conhecer suas falhas e amá-las também, isso é raro, puro e perfeito.

Novamente. Pelo fato de vermos Kvothe como uma pessoa experiente e até impetuosa, vez ou outra não percebemos a idade que ele tem, nem que o mesmo pode ser suscetível, até mesmo frágil.

Não. As piores lembranças eram as da minha infância… Eram essas a piores lembranças. Preciosas e perfeitas. Cortante como estilhaços de vidro enchendo a boca. Fiquei deitado na cama, retesado num nó trêmulo incapaz de dormir, incapaz de voltar o pensamento para outras coisas, incapaz de me impedir de recordar. De novo. E de novo. E de novo.

Pelo ímpeto que ele tem, ele acaba se envolvendo em muitas confusões que não são de suas responsabilidades. Com isso o perigo aumenta a cada dia e vem de formas diferentes. É aí que Kvothe começa a ver que ele não é mais aquela criança miúda e esfomeada de Tarbean, que agora ele pode contar com algumas pessoas. Seus amigos.

Nessa noite, e em muitas outras que viriam, Wil e Simmon se alternaram na vigília enquanto eu dormia, mantendo-me a salvo com seu Alar. Eram o melhor tipo de amigo que há. O tipo por que todos anseiam, mas que ninguém merece, muito menos eu.

Passamos por apertos junto com Kvothe. Em algumas partes do livro sentimos o que Kvothe está passando.

…Como poderia contar a Denna que alguém havia roubado meu alaúde depois de ela ter-se dado todo o trabalho de mandar fazer aquele lindo presente para mim?
Denna sorriu, empolgada

Nesse meio tempo, Kvothe é “forçado” a tirar férias da Universidade. Por sorte ele é convidado a conhecer um possível mecenas. Um patrocinador. Ele viaja então, passando por diversas tribulações até chegar lá só com seu alaúde e uma roupa puída. Com sua esperteza ele não deixa que isso o atrapalhe e logo se vê diante do Maer. Um homem tão rico quanto e com direitos iguais ao Rei.

Falei mais acima que ele se metia em confusões que não lhe diziam respeito, mas isso mostra a dignidade de Kvothe em não deixar algum inocente sofrer. Assim ele descobre e mostra ao Maer que ele está sendo envenenado, e por alguém que o Maer conhece.

Cabe ao Kvothe provar para o Maer a verdade. Essa verdade não vai ser tão fácil.

Assim como todo os poderosos são, o Maer não tinha nenhuma consciência do que ele podia ou não fazer. Tudo estava ao seu alcance. E foi assim que Kvothe foi enviado como líder de um grupo de mercenários. Incluindo um Admriano. Por mais inexperiente que Kvothe seja nesse campo, ele interpreta muito bem o papel de líder, tendo que encarar a superstição de seu grupo.

É como dizia Teccam: não há nada mais difícil no mundo do que convencer alguém de uma verdade desconhecida.

O que eu posso dizer sobre essa parte do livro senão que Kvothe conseguiu aumentar sua fama. Sendo comparado ao Grande Tarbolim por seus feitos durante esta caçada.

Bom pra evitar mais spoilers, vou terminando por aqui dizendo somente que Kvothe encontra um ser que ele nunca imaginara existir. Que ser é esse? Acho melhor vocês lerem o livro =p. Mas vou deixar mais um trecho pra vocês:

– Talvez eu possa lhe dar um conselho – disse o ancião, com relutância. – Mas primeiro, você deve pensar bem nisto, rapaz: ao amar alguma coisa, certifique-se de que ela retribui seu amor, caso contrário, acarretará um número infindável de problemas ao persegui-la.

Enfim. O livro é incrível, arrisco dizer que até melhor que o primeiro (O nome do Vento). Sabe aquele livro que você conversa com o personagem, xinga seus inimigos, vibra com o sangue derramado e fica imaginando depois que termina o livro o que o personagem faria. Pois então, este é um desses livros. Até hoje somente dois autores fizeram eu me sentir assim, interligado com o personagem, Stephen King com A Torre Negra e a Anne Rice com o Lestat.

Recomendo veementemente o livro, pra quem quer algum livro pra guardar na coleção pra futuras gerações esse é essencial. E mais uma vez, agradeço à Arqueiro por trazer esse livro pro Brasil e por ter me presenteado com o mesmo =)

Até a próxima!