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Resenha: O clube do livro do fim da vida – Will Schwalbe
Editora: Editora Objetiva
Autor: Will Schwalbe
ISBN: 9788539004997
Edição: 1
Número de páginas: 296
Acabamento: Brochura
Compre: Amazon
Classificação EDS: 100 de 100 pontos
“O que você está lendo?” Esta é a pergunta que Will Schwalbe faz para a mãe, Mary Anne, na sala de espera do instituto do câncer Memorial Sloan-Kettering. Toda semana, durante dois anos, Will acompanha a mãe às sessões de quimioterapia. Nesses encontros, conversam um pouco sobre tudo: a vida e os livros que estão lendo. Will e Mary Anne terão conversas tanto abrangentes quanto extremamente pessoais, estimuladas por um conjunto eclético de livros e uma paixão compartilhada pela leitura. A lista vai do clássico ao popular, da poesia ao mistério, do fantástico ao espiritual. Eles compartilham suas esperanças e preocupações — e redescobrem suas vidas — através dos livros prediletos. Mãe e filho se redescobrem, falam de fé e coragem, de família e gratidão, além de serem constantemente lembrados do poder que os livros têm de reconfortar, surpreender, ensinar e dizer o que é necessário fazer com a vida e com o mundo. Uma alegre e bem-humorada celebração da vida, ‘O clube do livro do fim da vida’ é uma história comovente e uma lembrança de que a leitura também é um ato de liberdade diante da dor e do medo da morte. Como aponta o autor, “ler não é o oposto de fazer, é o oposto de morrer”.
Minhas impressões
A primeira parte do título foi um chamado, gosto da ideia romântica dos clubes de leitura famosos de outrora enquanto que a segunda parte me pareceu um tanto deprimente, mas o que me prendeu foi a orelha repetindo a pergunta mágica que faço a tod@s que conheço e que sabidamente apaixonados pela leitura: “O que você está lendo?”
Will Schwalbe faz uma bela homenagem contando os dois últimos anos da vida de sua mãe partindo do que os dois silenciosamente estabeleceram como um Clube da Leitura. As obras são referências para um estreitamento de laços e discussões do que foi dito e silenciado, sutilezas sobre diferentes pontos de vistas, abordagens religiosas, personagens que
enfrentaram seus medos e as mais diversas possibilidades de pensar a vida a partir da Literatura.
A biografia de Mary Anne Schwalbe é a de uma mulher forte, guerreira, batalhadora, generosa e de uma energia e disposição, mesmo nos momentos mais agressivos do câncer, ímpar. Foi educadora, diretora de admissões de Harvard e Radicliffe, viajou o mundo em ações voluntárias diversas, fundadora da Comissão Feminina de Refugiados e durante a doença continuou trabalhando arduamente para a implantação de uma biblioteca nômade no Afeganistão.
Em momento algum existe uma comiseração piegas, o que ela lamenta é não ter tempo e saúde para fazer mais e sua força fica evidente na ação matriarcal que permite a continuidade da rotina, planos e projetos da família. Os encontros do clube acontecem ao longo do intervalo de tempo em que são realizados os procedimentos de acompanhamento da paciente de 73 anos diagnosticada com câncer de pâncreas em estágio avançado.
Inicialmente considerei que fosse algo maior e não apenas um clube com dois integrantes, mas pensar que a Literatura pode subverter os momentos infindáveis de um processo quimioterápico, trazendo qualidade ainda maior ao vínculo afetivo de mãe e filho permitiu a continuidade da minha leitura.
Sempre que estávamos juntos e ela chegava a um trecho de um livro de que gostava, não lia para mim – me entregava o livro inteiro, com o dedo indicando uma linha e instruções de onde eu devia começar e onde parar. Como sempre, ela só levantou o dedo quando tinha certeza de que meus olhos haviam encontrado a parte certa. Era como passar um bastão numa corrida de revezamento.
A edição apresenta um apêndice com todas as obras, fragmentos, poemas e histórias citadas no livro. São referências da Literatura Universal e, em especial, da Americana que podem inspirar os leitores nos caminhos percorridos pelo clube.
A narrativa, apesar de bela, é um pouco cansativa e arrastada e todo o fascínio e emoção ficaram no tocante ao encantamento pela personalidade de Mary Anne e no poder salvador da Literatura.
Há tanto para ler… e viver!