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Resenha: A linguagem das flores – Vanessa Diffenbaugh

Editora: Editora Arqueiro
Autor: Vanessa Diffenbaugh
ISBN: 9788580410174
Edição: 1
Número de páginas: 282
Acabamento: Brochura
Classificação EDS:  100 de 100 pontos

Victoria Jones sempre foi uma menina arredia, temperamental e carrancuda. Por causa de sua personalidade difícil, passou a vida sendo jogada de um abrigo para outro, de uma família para outra, até ser considerada inapta para adoção.
Ainda criança, se apaixonou pelas flores e por suas mensagens secretas. Quem lhe ensinou tudo sobre o assunto foi Elizabeth, uma de suas mães adotivas, a única que a menina amou e com quem quis ficar… até pôr tudo a perder.
Agora, aos 18 anos e emancipada, ela não tem para onde ir nem com quem contar. Sozinha, passa as noites numa praça pública, onde cultiva um pequeno jardim particular.
Quando uma florista local lhe dá um emprego e descobre seu talento, a vida de Victoria parece prestes a entrar nos eixos. Mas então ela conhece um misterioso vendedor do mercado de flores e esse encontro a obriga a enfrentar os fantasmas que a assombram.
Em seu livro de estreia, Vanessa Diffenbaugh cria uma heroína intensa e inesquecível. Misturando passado e presente num intricado quebra-cabeça, A linguagem das flores é essencialmente uma história de amor – entre mãe e filha, entre homem e mulher e, sobretudo, de amor-próprio.

Minhas impressões

Durante oito anos, sonhei com fogo. Árvores se incendiavam quando eu passava por elas, oceanos ardiam em chamas. A fumaça adocicada impregnava meus cabelos enquanto eu dormia e, quando eu despertava, o aroma permanecia em meu travesseiro como uma nuvem. Porém, no instante em que meu colchão começou a queimar, acordei sobressaltada. O cheiro forte em nada se parecia com o vapor doce dos meus sonhos; os dois eram tão diferentes quanto o jasmim-neve e o jasmim-carolina, separação e união. Inconfundíveis.

À começar por esse trecho do livro, já podemos imaginar o que ele nos reserva. É intenso, delicado, sensível, sofrido e ao mesmo tempo possui uma mensagem singular já expressa na capa: ‘Qualquer pessoa pode se transformar em algo belo’.
E Victória nos convence de que essa frase não é mentira e que independente da situação em que nos encontramos, sempre haverá uma luz no fim do túnel, embora nem ela mesma acreditasse nisso ou enxergasse isso.

Victória Jones, como já muito explicado na sinopse do livro, não era uma pessoa fácil de se conviver em vista de ter sido rejeitada ainda quando bebê e durante a infância não ter tido a segurança que um lar pode proporcionar. Mas, não era culpa de Victória, a vida e as circunstâncias a criaram assim, rebelde, arredia e por muitos considerada ‘um caso perdido’, até mesmo por sua tutora legal, Maredith e o juízado que havia acompanhado seu caso desde sempre.

Sua infância não fora fácil, viveu em muitos lares diferentes e com pessoas desequilibradas ou que já possuíam sua própria vida e não havia lugar para ela. Ela nunca se apegou a ninguém e ninguém nunca se apegou a ela. Mas isso muda, quando ela vai morar com Elizabeth. Com paciência, disciplina no grau correto, dedicação e amor, ela conseguiu despertar no coração de Victória o que ela jamais havia sentido – Amor. Amor de mãe, abraço, colo, toque… Mas, como a vida dá voltas, por medo de perder, Victória perdeu o que havia conquistado.

Quando completou 18 anos, foi emancipada e foi apresentada à uma nova vida. Sozinha, agora ela tem que lutar pela sua sobrevivência e um pouco depois, não só pela dela…Procurar um emprego, se sustentar e viver. Como ela faria isso? Ela não sabia, apenas sabia do seu grande amor pelas flores e por Elizabeth -esse segundo, por enquanto ela queria esquecer.

Elizabeth a ensinou tudo o que ela sabia a respeito das flores, e foi isso que a salvou quando precisou arranjar um emprego numa floricultura, mas que de certa forma a fez se perder novamente. Lhe é apresentado mais dois tipos de amor.

Vasculhei outra meia dúzia de livro, minha ansiedade aumentando a cada volume. (…) Depois de vinte minutos de pesquisa, finalmente encontrei o que estava procurando, uma única linha entre dois verbetes. Álamo-branco. Tempo. Soltei a respiração, aliviada, mas também confusa.

A autora narra de uma forma cativa, fazendo com que o livro se torne curto pela intensidade e tipo de história que é. Esse sim é um livro que deveria estar na lista de ”para ler antes de morrer”.
A narrativa é dinâmica, indo e vindo entre presente e passado. E acaba, nos fazendo querer trazer Victória, Elizabeth e os demais personagens para as nossas vidas, pois também aprendemos à amá-los e sentir o que eles sentem.

O musgo é o símbolo do amor materno, porque, como esse amor, ele alegra nosso coração quando o inverno da adversidade nos atinge e nossos amigos de verão nos abandonam” – Henrietta Dumont, The Floral Offering

É isso, espero que tenham gostado… Não deixe de ler, você vai mudar a visão da vida que possui.

Até a próxima!

Photo by krystina rogers on Unsplash