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Resenha: Neuromancer – William Gibson
Editora: Editora Aleph
Autor: William Gibson
Tradutor: Fábio Fernandes
ISBN: 9788576573005
Número de páginas: 320
Acabamento: Ebook
Classificação EDS: 100 de 100
Compre: Amazon
O Céu sobre o porto tinha cor de televisão num canal fora do ar. Considerada a obra precursora do movimento cyberpunk e um clássico da ficção científica moderna, Neuromancer conta a história de Case, um cowboy do ciberespaço e hacker da matrix. Como punição por tentar enganar os patrões, seu sistema nervoso foi contaminado por uma toxina que o impede de entrar no mundo virtual. Agora, ele vaga pelos subúrbios de Tóquio, cometendo pequenos crimes para sobreviver, e acaba se envolvendo em uma jornada que mudará para sempre o mundo e a percepção da realidade. Evoluindo de Blade Runner e antecipando Matrix, Neuromancer é o romance de estreia de William Gibson. Esta obra distópica, publicada em 1984, antevê, de modo muito preciso, vários aspectos fundamentais da sociedade atual e de sua relação com a tecnologia. Foi o primeiro livro a ganhar a chamada “tríplice coroa da ficção científica”: os prestigiados prêmios Hugo, Nebula e Philip K. Dick. |
Minhas Impressões
Ainda hoje lembrando do livro para escrever a resenha me pergunto como pude demorar tanto pra ler esse livro. Confesso que evito ler clássicos por medo de me decepcionar, como aconteceu com alguns outros clássicos que li e você pode ler as resenhas pelo blog.
Porém novamente, não acredito que demorei tanto pra ler. Neuromancer foi escrito em 1984 e é maravilhoso ver quão longe a criatividade de um autor pode ir.
conectado num deck de ciberespaço customizado que projetava sua consciência desincorporada na alucinação consensual que era a matrix.
Se você não é tão velho quanto eu, pra ter noção de quais tecnologias existiam em 1984, o primeiro Macintosh foi lançado por uma bagatela que hoje representaria R$8 mil! Imagina, ter um computador em casa! O walkman era um sucesso (se você não o que é um walkman, imagina uma caixa onde você precisava colocar uma fita pra escutar um álbum, era tipo ter um álbum do Spotify por vez). Conexão com a internet? Era um sonho pra poucos e também havia pouca opção pra se navegar também.
O terrorismo, como o conhecemos, normalmente é ligado de modo inato à mídia. Os Panteras Modernos diferem de outros terroristas precisamente em seu grau de autoconsciência, em sua percepção do ponto ao qual a mídia divorcia o ato de terrorismo da intenção sociopolítica original.
Portanto, imagine ler em 1984 sobre interfaces gráficas! Até mesmo o conceito de interface era algo que eu não consigo conceber como alguém em 1984 poderia pensar nisso! Ainda mais, como é possível o autor ter pensado em implantes para realidade aumentada e interligação entre a mente e processos eletrônicos! Tem bastante exclamação nessa resenha…
Night City era como uma experiência malsucedida de darwinismo social, projetada por um pesquisador entediado que não tirava o dedo do botão de fast- forward.
Neuromancer conta a história de um hacker (até esse conceito é avançado pra época), ou como eles chamam um cowboy do cyberespaço. Case é “contratado” entre aspas mesmo, pois existem controvérsias nessa contratação, para fazer uma série de missões com um objetivo escuso. Sem ter muita informação dos motivos de estar fazendo aquilo, ele precisa descobrir por si mesmo onde está se enfiando.
Sim, eu sei que não tem muitas informações sobre o livro, mas mesmo sendo um clássico, muita gente pode não ter lido. Mas se você ainda não se convenceu, Case precisa interagir com uma Inteligência Artificial! É brilhante.
“A matrix tem suas raízes em games de fliperama primitivos”, disse uma voz em off, “nos primeiros programas gráficos e experiências militares com plugues cranianos.”
Fora isso, a escrita de William Gibson em Neuromancer é incrivelmente intrigante, imagino que mesmo em 1984 a trama proposta foi fácil de entender e visualizar. Pra nós hoje é muito mais fácil imaginar o espaço, portos espaciais. A tradução pra português também ficou excelente, pois o tradutor prestou atenção aos detalhes tecnológicos também e não deixou nada passar. Por sinal, sempre que possível vou pontuar quem foi o tradutor, pois é um trabalho importante.
“Ciberespaço. Uma alucinação consensual vivenciada diariamente por bilhões de operadores autorizados, em todas as nações, por crianças que estão aprendendo conceitos matemáticos… uma representação gráfica de dados abstraídos dos bancos de todos os computadores do sistema humano. Uma complexidade impensável. Linhas de luz alinhadas no não espaço da mente, aglomerados e constelações de dados. Como luzes da cidade, se afastando…”
Enfim, Neuromancer é uma obra incrível e muito a frente do seu tempo. Se tornou um dos clássicos da Ficção Científica, comparável a Asimov. É uma leitura super atual. Claro que naquela época existiam mentes brilhantes que já pensavam nessas tecnologias, haja visto que filmes em 3D datam de 1922. Hoje em dia os jovens acham que são os grande descobridores de tecnologias que já são velhas… Mas voltando ao tema, Neuromancer é uma obra que precisa ser lida e apreciada pela qualidade de detalhes e pela precisão em diversos pontos que parecia ficção. Recomendo muito a leitura e me digam o que acharam.
Até mais!
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