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Resenha: Deuses americanos – Neil Gaiman
Editora: Intrínseca
Autor: Neil Gaiman
ISBN: 9788551000724
Edição: 1
Número de páginas: 608
Acabamento: Brochura
Classificação EDS: 100 de 100 pontos
Compre: Amazon
Obra-prima de Neil Gaiman, Deuses americanos é relançado pela Intrínseca com conteúdo extra, em Edição Preferida do Autor. “Deuses americanos” é, acima de tudo, um livro estranho. E foi essa estranheza que tornou o romance de Neil Gaiman, publicado pela primeira vez em 2001, um clássico imediato. Nesta nova edição, preferida do autor, o leitor encontrará capítulos revistos e ampliados, artigos, uma entrevista com Gaiman e um inspirado texto de introdução. A saga de Deuses americanos é contada ao longo da jornada de Shadow Moon, um ex-presidiário de trinta e poucos anos que acabou de ser libertado e cujo único objetivo é voltar para casa e para a esposa, Laura. O que Gaiman constrói em Deuses americanos é um amálgama de múltiplas referências, uma mistura de road trip, fantasia e mistério — um exemplo máximo da versatilidade e da prosa lúdica e ao mesmo tempo cortante de Neil Gaiman, que, ao falar sobre deuses, fala sobre todos nós. “Deuses americanos” foi adaptado para a TV em série com estreia prevista para 2017, com roteiro do próprio Neil Gaiman e produção de Bryan Fuller (das séries Hannibal e Pushing Daisies e dos filmes da franquia Star Trek). Juntos, os livros de Neil Gaiman lançados pela Intrínseca já venderam mais de 100 mil exemplares. “Original, arrebatador e infinitamente criativo.” |
Minhas impressões
Contando essa versão da resenha, eu devo ter tentado escrever sobre esse livro umas treze vezes e ainda assim foi difícil.
Esta é uma terra ruim para deuses – retrucou Shadow. Em matéria de início de discursos, não estava no nível de Amigos, Romanos, Compatriotas, mas dava para o gasto. – Vocês todos já devem saber disso, cada um a seu modo. Os velhos deuses são ignorados. Os novos são adotados tão rápido quanto são descartados, ou têm medo de ficar obsoletos, ou talvez só estejam cansados de existir ao sabor do capricho humano.
Depois de muito ouvir sobre a série homônima da Amazon, resolvi ler a história antes de assistir. Já conhecia o título e suas versões com capas clássicas que fizeram meus olhos brilharem, mas ainda assim havia deixado de lado e posso adiantar: me arrependo de não ter lido antes.
É claro que acreditam. Nunca houve uma só guerra que não tenha sido travada entre dois grupos inteiramente convictos de que estão fazendo o que é certo. As pessoas perigosas de verdade são aquelas que acreditam que estão fazendo o que estão fazendo única e exclusivamente porque aquela é, sem a menor sombra de dúvida, a única coisa certa a se fazer. E é por isso que são tão perigosas.
No início somos apresentados à Shadow, um presidiário próximo a cumprir sua pena de três anos. Logo após sair da cadeia ele conhece um homem muito estranho que lhe dá uma oportunidade. Essa oportunidade vai levar Shadow por todo o país cumprindo tarefas que não falarei quais são para não estragar nada.
Você fica perdido no início da obra, sem saber realmente o que está acontecendo, porém é uma confusão proposital, pois as coisas vão se encaixando com o tempo conforme o autor vai pontuando os detalhes de cada personagem, mostrando a verdadeira identidade deles. E essa trama intercalada, entre os personagens principais e os secundários vão criando o universo em que aquilo é realmente possível.
Hoje à noite, quando vocês estiver comendo, tente refletir: existem crianças no mundo que passam fome, milhares delas, uma quantidade maior do que a mente humana é capaz de assimilar, em que um erro de um milhão para mais ou para menos pode ser perdoado. Talvez lhe cause desconforto refletir sobre isso, ou talvez não, mas, ainda assim, você comerá.
Como o próprio nome diz, existem diversas referências a deuses, desde os mais conhecidos, como os nórdicos, até vários que eu mesmo não conhecia. Para quem está acostumado com mitologia, seja ela grega, nórdica, romana, africana (que por si só já daria um livro, pois cada parte do continente tem um nome para seus deuses), etc, vai conseguir se situar bem mesmo no início do livro quando o segundo personagem principal revelar seu nome dos dias de hoje.
Deuses Americanos é aquele tipo de obra que você termina de ler e quer voltar pro início, pois pode ter deixado passar alguma coisa, além de não querer largar os personagens. O livro tem no total 608 páginas que passam mais rápido que um livro com duzentas. Mesmo sendo tão marcante é um livro difícil de descrever. Tudo que tem referência mitológica, principalmente a nórdica, já me agrada, e apresentado da forma que foi nessa obra é, indescritível. Fico imaginando o processo criativo desse livro e como o autor chegou nessa versão de “mitologia própria”.
O povo dos Estados Unidos investiu sua religião, bem como sua moralidade, em títulos seguros e com rentabilidade garantida. Adotou a posição indevassável de nação que é abençoada porque merece ser, e seus filhos, quaisquer que sejam as teologias por eles adotadas ou desconsideradas, assumem essa crença nacional sem reservas.
Enfim, vale muito a pena. Certeza que daqui a anos ele estará no hall de livros clássicos que precisam ser lidos. Se você não curte muito mitologia, você tem problemas você precisa ler esta versão, certeza que vai passar a gostar e procurar as histórias reais. Pra quem já curte é um prato cheio. Neil Gaiman estreou na minha estante já na parte dos preferidos. Ia me esquecendo, graças ao tradutor eu consegui achar um dicionário de mitologia grego e romana que há mais de dez anos =) Até a próxima.
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