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Resenha: O instinto de morte – Jed Rubenfeld

Editora: Paralela
Autor: Jed Rubenfeld
ISBN: 9788565530033
Edição: 1
Número de páginas: 400
Acabamento: Brochura
Classificação EDS: 100 de 100 pontos
Compre: Amazon

Uma bomba explode na Wall Street. É 16 de setembro de 1920. O sol está a pino. A catástrofe soma 36 mortos e mais de trezentos feridos, no que é considerado o primeiro grande ataque terrorista aos Estados Unidos. Esse é o ponto de partida de ‘O instinto de morte’, um thriller que combina elementos de romance histórico a um clima ‘noir’.

Minhas impressões

Peguei esse livro claramente pelo nome, numa dessas feiras de livros no shopping. Em meio a tanta notícia recente sobre terrorismo, além do nome, o assunto me chamou atenção: O maior atentado terrorista (até 2011) em solo americano e que até hoje não foi resolvido.

“Quem você deve assassinar se odeia todo um país? No velhos tempos teria sido o rei. Ataque o rei da Inglaterra, e estará atacando a própria Inglaterra. Mas um presidente? Um presidente é apenas um político que de qualquer modo, terá ido embora em poucos anos. Numa democracia é preciso tirar o assassinato de dentro do palácio. Você precisa assassinar pessoas.”

O autor, Jed Rubenfeld, revisita o atentado com sua própria interpretação e adiciona alguns elementos à trama. Somos apresentados a três personagens principais. Littlemore, capitão de polícia de Nova York. Younger, um médico do exército e a jovem e bela senhorita Rousseau.

“… muitas afirmações de Freud em O Instinto de morte são tirada de seus escritos reais. Embora hoje em dia seja comum referir-se ao impulso de morte enunciado por Freud como “Thanatos” (em referência ao deus grego da morte)…”

Instinto de Morte é um thriller policial tradicional, mas o que torna ele tão interessante é a mistura entre a história real e a ficção. Além da trama entre o casal Younger e Rousseau, vemos eles interagindo com Freud e madame Curie em diversos momentos. O autor conseguiu criar uma história tão próxima da real que você fica confuso com os fatos.

Há três maneiras de se conviver com a morte – para que se mantenha o terror dela à distância. A primeira é a supressão: esquecer que a morte vem; agir como se ela não viesse. É o que a maioria de nós faz o tempo todo. A segunda é o oposto: memento mori. lembrar-se da morte. Mantê-la o tempo todo na mente, pois com certeza a vida não pode ter sabor melhor do que quando um homem acredita que hoje é seu último dia. A terceira é a aceitação. Um homem que aceita a morte – que realmente aceita – não teme nada e assim adquire uma equanimidade transcendente dia de qualquer perda. Todas essas três estratégias têm algo em comum. São mentiras. O terror, ao menos, seria honesto.

Fora isso, eu admiro muito quem consegue escrever vários “objetivos” no mesmo livro. Explicando melhor, quem consegue inserir diversos pequenos objetivos na trama e não só um que fica rodando por todo o livro pra chegar num “grand finale”. Esse tipo de escrita é gratificante, pois você não consegue adivinhar o que vai acontecer no fim.

“O senhor acha que as pessoas desejam morrer?”
“Acho”, afirmou Freud. “Está na constituição das nossas células, nos nossos átomos. Existem duas forças elementares no universo. Uma nos atrai para a matéria. É assim que a vida existe e como ela se propaga. Em física, essa força é chamada de gravidade; em psicologia, amor. A outra força quer romper a matéria. É a força da desunificação, da desintegração, da destruição. Se eu estiver certo, cada planeta, cada estrela do universo não é somente atraída para as outras pela gravidade, mas também empurrada para longe por uma força que não podemos ver. Dentro do organismo, essa força é o que leva um animal a buscar a morte, como a mariposa busca a chama.”

Pois bem. É um excelente livro. Não conhecia o autor, porém foi uma ótima leitura, ainda mais envolvendo Freud e Curie, não teria como ser monótono. Recomendo o livro e recomendo também conhecer todas as histórias reais por trás do livro, que por sinal o autor explica no final os pontos reais ou não.

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Até a próxima.