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Resenha: A guerra da Rainha Vermelha – Prince of Fools – Mark Lawrence

Editora: Darkside Books
Autor: Mark Lawrence
ISBN: 9788566636772
Edição: 1
Número de páginas: 420
Acabamento: Brochura
Classificação EDS: 100 de 100 pontos
Compre: Amazon

Prince of Fools é o primeiro volume da nova saga de Mark Lawrence, o consagrado autor da Trilogia dos Espinhos. Novamente, Lawrence leva o leitor ao Império Destruído, um universo pós-apocalíptico e de inspiração medieval. O príncipe dos tolos é Jalan Kendeth, neto da Rainha Vermelha e décimo na linha de sucessão ao trono. Para sobreviver aos inimigos do reino, esse irresistível anti-herói precisa abandonar a boa vida e lutar da única maneira que conhece: trapaceando. Mark Lawrence é um cientista que trabalha com o desenvolvimento de inteligência artificial,e tem acesso liberado a informações secretas dos governos norte-americano e britânico. Prince of Thorns é seu aclamado livro de estreia. King of Thorns e Emperor of Thorns completam a Trilogia dos Espinhos.

Minhas impressões

Todo viciado em leitura sabe muito bem o que significa ressaca literária. No meu caso isso acontece em dois casos: quando o livro é super “pesado” pra ler, tipo a Divina Comédia, ou então quando o livro é excelente e ele acaba. Foi exatamente o que aconteceu quando eu acabei a Trilogia dos Espinhos e tive que deixar o Imperador Jorg seguir seu próprio caminho…

Graças ao bom Deus, o autor tinha mais histórias guardadas e a linda Darkside Books nos felicitou com uma edição, impecável diga-se de passagem, da nova trilogia de Mark Lawrence chamada Prince of Fools e o primeiro livro dessa trilogia é A guerra da Rainha vermelha que já posso dizer desde já que é excelente.

Somos transportados mais uma vez para um mundo pós apocalíptico (se você não leu ainda Prince Of Thorns, shame on you e sorry, pois vou acabar dando spoilers), porém para uma parte da história nunca citada na trilogia anterior. Eu ansiava por mais histórias sobre o universo criado em Prince of Thorns e realmente já era esperado que houvessem outros acontecimentos que levaram Jorg ao trono. Ele não poderia vencer sozinho, por mais sagaz que ele fosse.

Pois bem, somos apresentados nesse livro à Jalan, príncipe de Marcha Vermelha e um dos muitos na linha de sucessão da Rainha Vermelha. Jalan é praticamente o oposto de Jorg e é interessante ver essas diferenças entre os personagens e como o autor consegue fazer isso tão bem.

“Sou mentiroso, trapaceiro e covarde, mas nunca, nunquinha, vou deixar um amigo na mão. A não ser, é claro, que para isso seja preciso sinceridade, jogar limpo ou coragem.”

Jalan é um típico boêmio, mas é pego no meio de uma trama maior com forças sobrenaturais que a princípio ele não acredita. No meio dessa confusão ele acaba se envolvendo com Snorri, um nórdico gigante, trazido de terras brancas de tanto gelo. Os dois ficam ligados por algo que não vou contar e não podem de forma alguma ficar distante um do outro.

E é nessa obrigação de estar perto um do outro que a trama vai se desenvolvendo. Jalan tenta de todas as formas possíveis evitar o destino que lhe aguarda, afinal ele não é nenhum pouco dado a atos de coragem.

“Ora.” Eu me levantei e bati a poeira. “Eu iria querer soldados melhores. Veja: eu derrubei sete deles enquanto lutava à cegas.”
Sonorri assentiu. “Ah, mas você teve a ajuda de uma menina berrando.” Ele olhou para o túnel atrás. “Para onde será que ela correu?”
“Vá à merda, nórdico.”

Eu ri muito com essa última parte e até hoje quando leio esse trecho de novo eu dou risada.

Para quem já leu Prince of Thorns o livro se torna um, como posso dizer, um bis num show super foda do seu artista preferido, pois já conhecemos o universo criado na trilogia anterior e só vamos adicionando personagens, lugares e mais dados do que ocorreu. Sem contar aqueles momentos que personagens dos livros anteriores aparecem e você fica se vangloriando sozinho porque entendeu a referência ou de quem ele tava falando. Para quem tá iniciando nesse mundo agora também vai se sentir desesperado para saber mais sobre Jalan e o que aconteceu na trilogia “anterior” sem ficar perdido.

Baraqel flexionou suas asas. “Sua avó falou de você para sua irmã. ‘Ele tem o vigor? Ele tem a coragem necessária?’ Um ‘garoto indolente, frívolo, que faz muito barulho, mas que soa vazio’ foi como ela descreveu você, Jalan. ‘Uma mente embotada pela preguiça, cegada por um humor seco’, disse ela, ‘mas essa mente, se estimulada, pode se afiar. Se apenas nós tivéssemos mundo e tempo suficiente, o que poderíamos fazer com essa criança… mas não temos nem mundo nem tempo.’

Pois bem, como deu pra ver pelo entusiasmo todo acima, o livro é excelente. É muito bom achar um autor que escreve do jeito que você gosta e que consegue manter um livro interessante do início ao fim. Mark Lawrence não enrola na sua narrativa, não usa clichês pra tornar a história maior do que deveria ser, a trama vai fluindo sem precisar de nenhum empurrão e tudo que está ali, deveria ter acontecido (ao contrário de certos seis livros que um determinado autor que muita gente gosta aí faz ¬¬ ).

‘A inteligência constrói estruturas cada vez mais elaboradas para se autojustificar’, disse ele, derramando julgamentos pela boca. ‘Mas no fim você sabe o que é e o que não é certo. Todos os homens sabem, embora eles possam passar anos tentando enterrar esse conhecimento, soterrá-lo com palavras, ódios, desejos, tristeza ou quaisquer outros tijolos com os quais constroem suas vidas. Você sabe o que é certo Jalan. Quando chegar a hora, você saberá. Mas saber nunca é suficiente.’

Enfim, recomendo a leitura desse e dos outros livros da trilogia Prince of Thorns, tipo, para o que você tá lendo agora e vá ler esse, a não ser que esteja lendo algo do Stephen King =)