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Resenha: A improvável jornada de Harold Fry – Rachel Joyce

Editora: Suma de Letras
Autor: Rachel Joyce
ISBN: 9788581051659
Edição: 1
Número de páginas: 248
Acabamento: Brochura
Classificação EDS: 40 de 100 pontos
Compre: Amazon

Vencedor do britânico National Book Award na categoria de melhor livro de estreia e finalista do prestigiado Man Booker Prize, A improvável jornada de Harold Fry, de Rachel Joyce, tem como temas centrais os sentimentos de amor, amizade e arrependimento. A autora conta a história do aposentado Harold Fry que numa manhã de sol sai de casa para colocar uma carta no correio, sem imaginar que estava começando uma jornada não planejada até o outro lado da Inglaterra. Ao receber uma carta de Queenie Hennessy, uma velha amiga com quem não tem contato há décadas, Harold Fry descobre que ela está em uma casa de saúde, sucumbindo ao câncer. Então, escreve uma resposta rápida e, deixando sua mulher com seus afazeres, vai até a caixa postal mais próxima. No caminho, tem um encontro casual que o convence de que ele deve entregar sua mensagem para Queenie pessoalmente. E assim começa a peregrinação improvável de Harold Fry. Determinado a andar 600 milhas de Kingsbridge à Berwick-upon-Tweed, acredita que enquanto caminhar, a amiga estará viva. Ao longo do caminho, ele encontra personagens fascinantes, que o trazem de volta memórias adormecidas: sua primeira dança com a mulher Maureen, o dia do seu casamento, a alegria da paternidade. Todos os resquícios do passado vêm correndo de volta para ele, permitindo-lhe conciliar as perdas e os arrependimentos.

Minhas impressões

Há alguns meses apareceu insistentemente na minha timeline uma curiosa propaganda sobre um tal clube de assinaturas de livros. A princípio desconsiderei, mas depois de um tempo meus amigos começaram a me marcar e eu fui ver qual era desse clube. Pra quem não sabe ainda do que estou falando, o clube em questão é o TAG Livros. Eles já existem há anos fazendo a curadoria de livros e enviando para os associados. Agora eles vem ganhando corpo e conquistando mais assinantes.

Pois bem, a proposta deles é bem simples: levar livros de qualidade para um grupo de assinantes. Como disse acima esses livros são selecionados por uma curadoria que varia entre autores e personalidades, além de psicólogos, professores e por aí vai. O livro sempre é uma surpresa, assim como seu tema. Eu sei, assim como você no início fiquei com medo dos livros, pois meu gosto é bem específico, mas fui muito surpreendido com os livros que recebi e li até agora.

O primeiro livro que recebi não podia ser mais diferente do meu “padrão” de leitura. A improvável jornada de Harold Fry é um livro peculiar assim como seu nome. Harold, que dá nome ao livro, é um senhor que recebe uma carta de uma antiga amiga com câncer muito avançado. Essa carta trás memórias que Harold havia esquecido e no caminho do correio, quando ele ia colocar a carta de resposta ele tem a ideia de ir andando até sua amiga, e dessa forma mantê-la viva até ele chegar (calma, na disso que falei é spoiler. Na sinopse do livro você descobre isso).

Eles acreditaram nele. Olharam para ele com seus docksides, escutaram o que ele dissera e decidiram, em seus corações e mentes, ignorar a prova e imaginar algo maior e algo infinitamente mais belo do que o óbvio.

Sedentário e com uma roupa nada adequada para uma viagem à pé, Harold começa sua caminhada sem um plano específico. No início a ideia era seguir as estradas e ir parando nos locais mais baratos que pudesse para descansar. Logo que começou Harold percebeu como seu plano era falho e como parecia bobo uma caminhada tão longa sendo que ele poderia pegar um trem ou mesmo um avião e estar na casa de repouso em algumas horas.

Harold teria sido o primeiro a reconhecer que havia elementos em seu plano que não estavam muito bem afinados. Não estava usando tênis de caminhada, não tinha bússola, muito menos mapa e nem mudas de roupa. Aparte menos planejada da jornada, entretanto, era a jornada em si mesma.

Harold recebe ajuda de algumas pessoas que se compadecem com seu estado e com o objetivo que ele tem e em troca ele oferece um ouvido atento. Ele percebe como as pessoas tem necessidade de serem ouvidas, como cada uma delas tem um dilema ou um problema diferente para resolver e isso faz com que ele vá cada vez mais percebendo o mundo ao seu redor e deixando de ser um senhor fechado que está esperando só a morte chegar ao lado de uma esposa que não o ama mais, num quarto de hóspedes dentro de sua própria casa.

Ele telefonou para ela a maioria das noites, mas estava tão cansado que não falava coisa com coisa. O dinheiro que eles haviam separado para a aposentadoria se dissiparia dentro de semanas. Como ele ousava abandoná-la depois de ela aguentá-lo por 47 anos? Como ele ousava humilhá-la de modo tão doloroso que ela nem conseguia contar ao filho?

Vou parar por aqui pra não contar muito sobre o livro, vou falar mais sobre minhas impressões. Pois bem, como disse acima este livro não é bem o tipo que eu escolheria em uma livraria, com certeza eu iria direto no terror ou fantasia, mas o [nome do curador da TAG] que fez a curadoria do mês para a TAG acertou em cheio na qualidade do livro. A trama flui e vai te carregando junto com as histórias dos personagens passageiros do livro e assim o fim vai chegando e você nem percebe. Não pense que por ser um romance que a obra vá ser um “Orgulho e Preconceito” da vida (não que este seja chato, mas é pesado).

– Sr. Fry, Queenie não tem família. Nem amigos. Quando as pessoas não tem ninguém por quem ficar, elas tendem a falecer rapidamente. Estávamos esperando sua ligação.

Sendo justo com a resenha o único ponto que deixa a desejar no livro é o final. Senti uma pontada de Deus ex machina. Não posso falar muito além disso pra não estragar, mas se você deixar passar esse detalhe o livro será excelente. Um detalhe que me irritou bastante no livro foi a esposa de Harold, mas não falarei muito, pois é spoiler na certa ;]

O mundo era composto de pessoas colocando um pé na frente do outro; e uma vida poderia parecer trivial simplesmente porque a pessoa que a vivia vinha fazendo assim por muito tempo. Harold não podia mais passar por um estrando sem reconhecer o fato de que eram todos a mesma coisa, e ao mesmo tempo, únicos e que era este o dilema de ser humano.

Por fim; até o momento a TAG tem me surpreendido com seus kits. Por mais que você não consiga ainda escolher o tipo de livro que você goste, a curadoria tem escolhidos bons livros para todos os gostos. Os mimos que vem também nos kits são muito bem feitos e dão aquele ar de exclusividade. Recomendo o livro e a TAG, experimente alguns meses e me diga o que achou.

Até =]