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Resenha: A casa do céu – Amanda Lindhout & Sara Corbett

Editora: Novo Conceito
Autor: Amanda Lindhout & Sara Corbett
ISBN: 9788581633039
Edição: 1
Número de páginas: 448
Acabamento: Brochura
Compre: Amazon
Classificação EDS:  100 de 100 pontos

Quando criança, Amanda escapava de um lar violento folheando as páginas da revista National Geographic e imaginando-se em lugares exóticos.
Aos dezenove anos, trabalhando como garçonete, ela começou a economizar o dinheiro das gorjetas para viajar pelo mundo.
Na tentativa de compreendê-lo e dar sentido à vida, viajou como mochileira pela América Latina, Laos, Bangladesh e Índia. Encorajada por suas experiências, acabou indo também ao Sudão, Síria e Paquistão. Em países castigados pela guerra, como o Afeganistão e o Iraque, ela iniciou uma carreira como repórter de televisão. Até que, em agosto de 2008, viajou para a Somália — “o país mais perigoso do mundo”. No quarto dia, ela foi sequestrada por um grupo de homens mascarados em uma estrada de terra.
Mantida em cativeiro por 460 dias, Amanda converteu-se ao islamismo como tática de sobrevivência, recebeu “lições sobre como ser uma boa esposa” e se arriscou em uma fuga audaciosa. Ocupando uma série de casas abandonadas no meio do deserto, ela sobreviveu através de suas lembranças — cada um dos detalhes do mundo em que vivia antes do cativeiro —, arquitetando estratégias, criando forças e esperança. Nos momentos de maior desespero, ela visitava uma casa no céu, muito acima da mulher aprisionada com correntes, no escuro e que sofria com as torturas que lhe eram impostas.
De maneira vívida e cheia de suspense, escrito como um excepcional romance, “A Casa do Céu” é a história íntima e dramática de uma jovem intrépida e de sua busca por compaixão em meio a uma adversidade inimaginável.

Minhas impressões

Posso começar essa resenha dizendo que foi um dos livros mais difíceis que já li. Principalmente pra mim que estou acostumado a ler livros de fantasia. Passar pra algo tão real é assustador.

A casa do céu é um relato do cárcere da jornalista Amanda Lindhout na Somália. Na verdade muito mais que isso. O livro A Casa do Céu traz um relato completo da vida da jornalista, desde sua infância numa casa violenta até o início de sua vida adulta onde ela passou a realizar um de seus sonhos: viajar pelo mundo.

Logo no início do livro me perguntei se era realmente necessário falar sobre todo esse início da vida da Amanda, de como ela viva quando criança e seu desejo por viagens, mas do decorrer do livro percebemos a importância de conhecermos isso. Amanda quando criança colecionava as revistas da National Geographic que comprava em brechós. Era através dessas fotos que ela fugia da realidade em sua casa, com um padrasto violento com sua mãe. Vemos que esse desejo de viajar e conhecer o mundo era algo tão intrínseco nela que se tornou seu sonho quando mais velha.

Ela saiu de casa cedo e passou a trabalhar numa boate servindo mesas. Após conhecer um rapaz os dois planejaram fazer um viagem, pra qualquer lugar. Acabaram vindo para a América do Sul mesmo com a pretensão de passar seis meses por aqui vivendo como mochileiros. Após o companheiro de Amanda torcer o tornozelo eles tiveram que encurtar a viagem, prometendo voltar. Por fim, somente Amanda continuou com o sonho de viajar por diversos países.

A rotina dela era bem calculada. Trabalhava nos restaurantes de Calgary no Canadá por tempo o suficiente para juntar dinheiro e se manter por um ano viajando. Viajando como mochileira, se hospedando em albergues pelos países onde passava, ela chegava a ficar anos fora de casa. Encurtando bastante a história, em uma dessas viagens ela conhece Nigel, um foto jornalista australiano por quem se apaixonou.

Pulando mais a história pra evitar contar demais, Amanda resolve tentar ganhar a vida também trabalhando com foto jornalismo, isso ajudaria a se manter mais tempo num país. Assim ela acabou conseguindo um emprego como jornalista freelancer cobrindo reportagens no Paquistão e Afeganistão. Numa tentativa de obter mais experiência e até mesmo respeito por seus colegas jornalistas, Amanda resolve ir para a Somália, local pouco explorado e conhecido como o mais violento do mundo. Mesmo com pedidos veementes de sua mãe, Amanda resolve ir e vai acompanhada de Nigel.

No avião que os deixariam em Mogadiscio Amanda ouve de um senhor o que poderia ser considerado uma profecia futuramente. Ele lhe disse para tomar cuidado, pois sua cabeça poderia valer meio milhão, por ser estrangeira.

Mesmo contratando um fixer (pessoa local que organiza câmeras, entrevistas, etc) muito conhecido no local, Amanda e Nigel acabam sendo sequestrados. Não pretendo comentar muito sobre os horrores passado por eles no cativeiro, isso é melhor que vocês leiam e tirem suas conclusões. O que posso falar é que, a capacidade humana pra crueldade é incomensurável! Tentei escrever essa resenha sem citar a religião, mas é impossível. É um absurdo que muito do que a Amanda sofreu era algo aceito pelo islamismo, que o captores tinham direitos sobre quem capturou, o termo “que a tua mão direita possui”. Diferente de outras religiões a dignidade e o mínimo de moralidade que uma pessoa deve ter, não era ensinado. Tudo dizia respeito à jihad (a luta) e por ela eles viviam. Eu sinceramente pensei diversas vezes em quanto lia, o quão gratificante seria os captores serem mortos, assim como Jezabel, despedaça por cachorros. Sei que é algo violento, mas quando vocês lerem entenderão.

Fora toda a maldade, o mais impressionante foi a força encontrada pelos dois para sobreviverem. Amanda enquanto sofria abusos se escondia em um refúgio imaginário que ela chamava de Casa do Céu. Era nesse lugar que ela ia para não sentir dor. Para não enlouquecer no quarto totalmente escuro em que foi mantida por semanas!

Depois de 15 meses aprisionados, os captores e as duas famílias entraram em acordo e os dois foram soltos. Amanda que dias antes quase chegara a se matar, enfim estava livre e nos braços de sua mãe. Mesmo depois de todo esse sofrimento, seis meses depois de ser liberta, Amanda retorna à Somália, agora como humanitária, fundadora da Fundação para Enriquecimento Global, com o intuito de ajudar mulheres refugiadas. Por todo o tempo que Amanda passara em cativeiro ela sentia-se no dever de ajudar outras pessoas que passaram por terrores parecidos.

Enfim, o livro como falei é bem intenso e moroso, mas traz uma história incrível e uma lição de força de vontade única. Recomendo que após a leitura vejam uma entrevista de Amanda à NBC, confesso que ao assistir a entrevista tudo o que li no livro se tornou mais complexo, mais pesado, pois passei a ver quem era Amanda, a saber que tudo aquilo que ela passou era muito real, não só palavras num livro. Coloquei abaixo também o link de uma reportagem dela em português. Bom, até a próxima =]

Reportagem Época

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