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Resenha: Sobre a escrita – A Arte em Memórias – Stephen King

Editora: Suma de Letras
Autor: Stephen King
ISBN: 9788581052779
Edição: 1
Número de páginas: 256
Acabamento: Brochura
Classificação EDS: 100 de 100 pontos

Eleito pela Time Magazine um dos 100 melhores livros de não ficção de todos os tempos e vencedor dos prêmios Bram stoker e Locus na categoria Melhor Não Ficção, Sobre a Escrita: A arte em Memórias é uma obra extraordinária de um dos autores mais bem-sucedidos de todos os tempos, uma verdadeira aula sobre a arte das letras.
O livro também não deixa de lado as memórias e experiências do mestre do terror: desde a infância até o batalhado início da carreira literária, o alcoolismo, o acidente quase fatal em 1999 e como a vontade de escrever e de viver ajudou em sua recuperação.

Minhas Impressões

A leitura de Sobre a Escrita é, como qualquer outra de King, uma experiência absolutamente vibrante e repleta de possibilidades. O que apresentamos aqui são impressões sutis de uma obra completamente encantadora e cheia de confiança de que nós, reles mortais, podemos escrever alguma coisa.

Se você acha que precisa de permissão para se dedicar a toda a leitura e a escrita que seu coraçãozinho deseja, considere-se autorizado por este que vos fala.
Você pode, você deve e, se tomar coragem para começar, você vai. Escrever é algo mágico, é a água da vida, como qualquer outra arte criativa. Então beba. Beba até ficar saciado.

Escrito em primeira pessoa o livro é quase um baú de memórias de toda uma vida, somos introduzidos magicamente a uma biografia fascinante de superação e de método de trabalho incríveis. Stephen King, mestre com as palavras, fala com leveza e humildade de sua história, do legado de sua obra e ainda encoraja seriamente o pobre leitor a escrever!

Você pode encarar o ato de escrever com nervosismo, animação, esperança ou até desespero – aquele sentimento de que nunca será possível pôr na página tudo o que está em seu coração e em sua mente. Você pode ficar com os punhos cerrados e os olhos apertados, pronto para quebrar tudo e dar nome aos bois. Pode ser que você queira que uma garota se case com você, ou deseje mudar o mundo. Encare a escrita como quiser, menos levianamente. Deixe-me repetir: não encare a página em branco de maneira leviana.

O texto é fluido e a trajetória do profissional é apresentada corajosamente, seguimos acompanhando obstáculos, diversos trabalhos negados, distanciamento do objetivo, mudança de planos e, mais do que tudo, a importância da família, em especial da mãe e da mulher, no investimento, encorajamento e fortalecimento do sonho e da carreira.

Gosto quando me deparo com histórias que impõem uma proximidade e cumplicidade de maneira sutil e King faz isso o tempo inteiro, pois ficamos com a impressão de que estamos ali na lanchonete tomando um refresco (ou a bebida de sua preferência) com o autor e falando sobre coisas da vida, literatura e processo de escrita. Uma proximidade real, um vínculo que poucos autores sabem ou querem promover.

No nível mais básico, estamos apenas discutindo uma habilidade aprendida, mas acho que concordamos que mesmo as habilidades mais básicas podem criar coisas além de nossas expectativas. Estamos falando de ferramentas e carpintaria, palavras e estilo… mas, à medida que avançarmos, você fará bem se não esquecer que também estamos falando de mágica.

Podemos entender a obra em dois blocos, o primeiro é voltado para apresentação e a biografia em que encontramos as memórias de infância, perrengues, amigos, questões familiares, influências da mulher amada e o consumo de álcool e outras drogas. O segundo momento é voltado para a reflexão, considerações importantes sobre o exercício da escrita e a necessidade básica da relação entre leitura e escrita.

Como verdadeira possibilidade de aprendizado e reflexão, compartilhamos algumas considerações do autor em nossa leitura de “Sobre a Escrita” :
• Leia muito, um pouco mais e escreva bastante – sem atalhos
• Estabeleça e cumpra uma rotina intensa de leitura e escrita
• Afaste-se da televisão
• Escreva para você mesmo
• Prepare-se para fracassos, falhas e críticas
• Seja verdadeiro em seu processo de escrita
• Não perca tempo tentando agradar aos outros
• Enfrente corajosamente suas dificuldades no processo de escrita
• Durante a escrita estabeleça uma conexão com o mundo interior
• Não seja arrogante ou pretensioso
• Não exagere na preocupação com a gramática
• Evite parágrafos longos e evite advérbios “A estrada para o inferno é pavimentada com advérbios”
• Seja ótimo em descrever, mas sem exageros e deixando algo para o leitor
• Não dê todas as pistas sobre o contexto
• Tenha personalidade e seu estilo
• Dimensione as histórias contadas
• Arrisque-se
• Leve seu processo de escrita com seriedade
• Revise seus trabalhos, desapegue e corte muito do que foi escrito “Só Deus acerta tudo de primeira” .
• Tenha alguém de confiança para compartilhar seus escritos. O “Leitor Ideal”.

No final somos brindados com um exemplo de seu processo criativo, tudo o que o envolve no momento da edição e uma lista de livros já lidos e “mais ou menos” indicados pelo autor.

O que segue é tudo que sei sobre como escrever boa ficção. Serei o mais breve possível, porque seu tempo é valioso e o meu também, e ambos entendemos que as horas gastas falando sobre a escrita são um tempo em que não estamos escrevendo. Serei tão encorajador quanto possível, porque é da minha natureza e porque amo esse trabalho. Quero que você o ame também. Se, no entanto, você não quiser sentar o rabo e trabalhar, não há razão em tentar escrever bem.

Para além do que foi dito, indicamos urgentemente a leitura pelo simples prazer de ler algo com qualidade, sem arrogância e ainda para se inspirar em alguém que ama seu trabalho e o faz com perfeição. Vale muito!