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Resenha: Amor e memória – Ayelet Waldman

Editora: Casa da Palavra
Autor: Ayelet Waldman
ISBN: 9788577344963
Edição: 1
Número de páginas: 398
Acabamento: Brochura
Classificação EDS: 100 de 100 pontos

Encarregada de devolver a joia à mulher da foto, Natalie deve mergulhar num submundo sombrio de negociantes de arte para descobrir a história por trás do medalhão. Mas se surpreende ao aprender sobre a vida fascinante de uma mulher feminista que lutou pelo direito de voto no final do século XIX em Budapeste.
Uma história de personagens brilhantes, Amor e Memória é o melhor romance de Ayelet Waldman: uma obra ricamente detalhada que levanta questões difíceis sobre o valor das coisas preciosas em um momento em que a própria vida parece sem valor, e sobre as correntes invisíveis que nos prendem aos sofrimentos e às paixões do passado.

Minhas Impressões

Tinha visto “Amor e Memória” exposto em uma livraria com uma capa belíssima onde temos um pavão desenhado em tons de azul, esparramado sobre uma capa e contracapa mostarda, com as penas do pássaro num relevo dourado lindo e lembrei de ter visto algumas postagens em rede social de colegas que estavam lendo o livro. Foi o suficiente para uma aproximação, enamoramento pelo nome, leitura das orelhas, folheada geral e aquisição.

Amor e Memória é delineado através de três histórias de amor que são interligadas na História e pelo Tempo por um medalhão com desenho de um pavão. Somos apresentados a uma narrativa com três histórias, prólogo e epílogo.

E assim, com a ajuda de Amitai, Natalie contou a Dalia a triste história do Trem de Ouro húngaro, que tinha saído de um país em ruínas carregando o tesouro roubado de um povo assassinado e que não se dirigia a nenhum lugar especifico, tendo sido saqueado de novo em sua chegada.

Num primeiro momento conhecemos Jack Wiseman militar aposentado, com um quadro de saúde grave e a proximidade com a neta que está buscando vida nova. A história se inicia com a verdade revelada do avô sobre o furto de um objeto em sua juventude que o acompanhou durante toda a vida e o compromisso de Natalie em devolvê-lo ao dono ou familiares vivos.

O mote da história de Jack é sua juventude, tempos antes do final da Segunda Guerra Mundial, momento em que serve o exército americano e vê sua postura extremamente correta ser testada pelo amor que sente por uma refugiada, a dificuldade em ajudar o povo judeu e também o incomodo de servir a generais que saqueiam, ainda que a conta gotas, o Trem de Ouro da Hungria. Apaixonado pela jovem Ilona, Wiseman entra em um processo de descrença, vivências diferentes de seu modo pragmático, questionamentos sobre as razões da guerra, frustração e ainda reflexões sobre identidade religiosa.

Na segunda parte do livro temos Natalie indo para Palestina em 2013 para iniciar seu processo de pesquisa e busca pelo paradeiro do dono do pingente e somos apresentados ao estranho mundo dos que são negociadores ou recuperadores de obras de arte roubadas e perdidas durante o período de guerra. A personagem parece não amadurecer no processo e seu envolvimento com um profissional da área não foi convincente.

Embora outros países carregassem a fama de tratar com crueldade as mulheres que lutavam pelo direito ao voto, a monarquia dos Habsburgo – por mais defeitos que tivesse aos olhos dos amigos subversivos de Nina – nunca havia torturado ou aprisionado qualquer mulher que se manifestasse em favor do voto.

Nina é a personagem principal da terceira parte e foi a que me conquistou no sentido de ser forte, ter interesse pelo bem comum, na mudança na sociedade e na luta pelo voto, em especial o feminino, na Budapeste de 1913.

Saber o significado do pavão no pingente poderia levar o leitor a tentar entender melhor a falta de redenção das personagens e o desprendimento de paixão, desejo, cumplicidade e reciprocidade nas histórias de amor.

Por fim, o encantamento inicial não foi mantido e a leitura lamentavelmente foi menos prazerosa do que prometia, mas o livro tem suas virtudes e pode agradar aos que gostam de uma narrativa mais lenta e cadenciada.