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Resenha: A Vida do Livreiro A. J. Fikry – Gabrielle Zevin

Editora: Paralela
Autor: Gabrielle Zevin
ASIN: 9788565530668
Edição: 1
Número de páginas: 192
Acabamento: Brochura
Classificação EDS: 90 de 100 pontos

Livrarias atraem o tipo certo de gente.
É o que descobre A. J. Fikry, dono de uma pequena livraria em Alice Island. O slogan da sua loja é “Nenhum homem é uma ilha; cada livro é um mundo”. Apesar disso, A. J. se sente sozinho, tudo em sua vida parece ter dado errado. Até que um pacote misterioso aparece na livraria. A entrega inesperada faz A. J. Fikry rever seus objetivos e se perguntar se é possível começar de novo. Aos poucos, A. J. reencontra a felicidade e sua livraria volta a alegrar a pequena Alice Island. Um romance engraçado, delicado e comovente, que lembra a todos por que adoramos ler e por que nos apaixonamos.

Minhas Impressões

Ao ler A Vida do Livreiro A.J.Fikry ficamos com um misto de sensações e uma série de observações que devem ser consideradas e vão além do indicamos ou não indicamos. O livro conta a história de um livreiro viúvo, morador de uma ilha em que só chegamos de balsa, solitário, ranzinza, fã e leitor absoluto dos clássicos e que se nega veementemente a abrir-se às novidades editoriais do mercado moderno.

Nenhum homem é uma ilha; cada livro é um mundo

A livraria passa por uma crise financeira e, de certo modo, A. J. Fikry acredita que possuir e leiloar uma relíquia de Edgar Allan Poe pode ajudá-lo a encontrar a saída para o momento delicado.

Os planos do livreiro sofrem uma mudança brusca a partir de uma noite de bebedeira em que simultaneamente dois fatos distintos o atinge, teremos o mistério do roubo da obra de Poe e ainda o recebimento de um pacote muito especial e a partir daí as aventuras de A.J. Fikry passam a ter novo e diferente significado com abertura para o que a vida pode oferecer em suas doçuras e amarguras.

Não somos as coisas que colecionamos, adquirimos, lemos. Somos, enquanto estamos aqui, apenas amor; as coisas que amamos, as pessoas que amamos e estas, acho que estas realmente continuam.

O enredo simples fica um pouco em suspenso pelo excesso de histórias e situações abertas e a objetividade excessiva ao “fechá-las” sem apresentar o desdobramento das situações e que curiosamente sabemos que pode alegrar e facilitar a vida de alguns leitores. A impressão é que alguns desfechos mereceriam um maior contexto justamente pelo entusiasmo que criaram no início.

‘Que bom que leu’, diz Amelia. ‘Implorei para que todo mundo que eu conheço lesse, e ninguém me ouviu. Às vezes os livros só nos encontram no momento certo.’

No decorrer da leitura encontramos várias e várias referências e pensamos em algo do tipo “já li isso em algum lugar” ou “a fulana é bastante semelhante aquela do seriado tal” e sabemos que nada disso é necessariamente errado ou ruim, entendemos a construção de personagens e sabemos a força que a identificação possui, o problema é quando a obra é marcada por questões do tipo transformando-a num roteiro de filme adocicado.

A edição e tradução talvez mereçam um segundo olhar porque tivemos a impressão, nosso exemplar foi o da primeira edição, de que a obra não apresenta o cuidado que os dois quesitos necessitam e não foram poucos os equívocos de concordância e tradução com aparência meio estranha encontrados ao longo da leitura.

Por que um livro é diferente do outro? São diferentes porque são. Temos que abrir muitos. Temos que acreditar. Concordamos com ocasionais decepções para ficarmos maravilhados de vez em quando.

Uma riqueza interessante e diferencial é que a abertura de cada um dos capítulos tem uma citação bacana que valorizou bastante a obra por possuir uma relação com o livreiro e sua personalidade complicada.

Pelo número de páginas e pela narrativa consideramos que pode ser uma daquelas obras para jovens, leitores iniciantes e aos que buscam algo leve para ser lido numa tarde preguiçosa de domingo.